- "A primeira indicação real é: Prolapso de cordão – com dilatação não completa
É um evento raro, que acontece em cerca de 1 entre cada 1000 partos. Acontece quando o cordão umbilical precede o bebê no passagem pelo canal de parto. O prolapso torna-se evidente quando as membranas se rompem e o cordão umbilical sai pela vagina antes do bebê emergir. Pode ocorrer em partos pélvicos (quando o bebê está de bumbum) ou quando a apresentação é cefálica, sobretudo se houver uma ruptura prematura das membranas, ou se o feto não estiver descido para a pélvis. Se o feto não tiver descido, o fluxo de líquido provocado pela rotura das membranas desloca primeiro o cordão e depois o feto. Quando ocorre um prolapso de cordão é necessário fazer a cesariana para evitar que o feto seja lesado por causa da falta de sangue e oxigenação. Até que a intervenção cirúrgica aconteça o médico ou enfermeira mantêm o bebê afastado do cordão umbilical para que não se interrompa o fluxo sanguíneo no cordão prolapsado.
No prolapso oculto, as membranas estão intactas e o cordão se encontra na frente do feto. Geralmente o prolapso oculto é identificado por causa do padrão anormal da frequência cardíaca fetal. O problema pode ser resolvido mudando a posição da mãe. Caso o problema persista pode ser necessário uma cesariana.
- A segunda indicação é: Deslocamento prematuro da placenta com feto vivo – fora do período expulsivo
Vital para o feto, a placenta se forma como um órgão especial para a ele servir. Serve como pulmão, trato intestinal e rins para o feto, funcionando como um órgão para troca de nutrientes entre mãe e feto, também como órgão endócrino produzindo hormônios para manutenção da gravidez.
O deslocamento prematuro da placenta (DPP) é caracterizado pelo deslocamento espontâneo parcial ou total da placenta durante a gestação a partir de 20 semanas ou no primeiro e segundo períodos do parto.
As principais causas são descolamentos traumáticos (exemplos: queda ou traumatismo sobre o abdome, versão por manobra externa e cordão muito curto) e os descolamentos espontâneos (exemplos: síndromes vasculorrenais e intercorrência inopinada).
A mulher relata, na maioria das vezes, dor abdominal intensa acompanhada de sangramentos com coágulos e diminuição dos batimentos fetais ou interrupção do mesmo. Os sintomas dependem diretamente da extensão da área descolada da placenta podendo ser mais ou menos intensa.
As condutas para os casos de DPP são as seguintes: Controlar hemorragia e reverter choque (Controlar sinais vitais e batimento cardíacos fetal para detectar choque iminente e vitalidade fetal, avaliar perda sanguínea e comparar com sinais vitais, cateterizar veia e administrar líquidos parenterais ou sangue para repor perda sanguínea e evitar choque, requisitar hemograma e dosagem de fibrinogênio plasmático com freqüência e aliviar dor), descompressão uterina e indução do parto (realizar o parto o mais precocemente possível, rotura ampla das membranas, pode ser indicado de anti espasmódicos e oxitócitos, estabelecer oxigenoterapia, parto vaginal é tratamento de escolha com colo dilatado, sangramento moderado e choque mínimo, cesárea de emergência quando o colo não está dilatado e o feto vivo e se evoluiu mal o trabalho de parto), Controlar altura uterina, supervisionar para evitar complicações pós parto (controlar sinais vitais e tônus muscular uterino, identificar sinais de infecção e controlar débito urinário). (CARVALHO, 2002)*
- A terceira indicação é: Placenta prévia parcial ou total
A placenta prévia é uma complicação que surge quando a placenta está localizada na parte inferior do útero cobrindo-o total ou parcialmente. Descrevem-se três tipos de placenta prévia, de acordo com a localização placentária, em relação ao orifício interno do colo:
Total: quando recobre toda a área do orifício interno;
Parcial: quando o faz parcialmente;
Marginal: quando a margem placentária atinge a borda do orifício interno, sem ultrapassá-lo.
A placenta prévia incide em 0,5 a 1,0% das gestações, sendo que ocorre com maior freqüência nas multíparas e em gestante com idade mais avançada. Outros fatores predisponentes são: história de abortamento, cesarianas, gravidez gemelar e malformações fetais.
O diagnóstico é clínico e ultra-sonográfico. Clinicamente, é relatada perda sanguínea por via vaginal, indolor, súbita, de cor vermelho-viva, em geral de pequena quantidade. É episódica, recorrente e progressiva. O exame obstétrico revela volume e tono uterinos normais. Habitualmente, os batimentos cardíacos fetais estão mantidos. A ultra-sonografia confirma o diagnóstico e a localização placentária. Quando o exame ultra-sonográfico não é possível, o toque não deve ser realizado (precavendo-se contra eventual perda sanguínea placentária) e, de preferência, em ambiente com recursos cirúrgicos.
A conduta depende dos seguintes parâmetros: tipo de localização placentária, volume de sangramento, idade gestacional e condições de vitalidade fetal. A via de parto dependerá, além das condições maternas, do tipo de placenta prévia. Nas marginais, a via preferencial é a vaginal. Para as totais a indicação de cesariana, com feto vivo ou morto. Para as parciais, há indicação de cesareana.
- A quarta indicação é: Apresentação córmica (situação transversa), durante o trabalho de parto (antes pode ser tentada a versão)
É quando o a apresentação do eixo longitudinal do feto está perpendicular ao eixo longitudinal do útero. Posição anormal do feto (bebê atravessado). Os ombros entram primeiro no canal de parto, antes da cabeça.
Dada a impossibilidade de nascimento espontâneo, constitui indicação absoluta de cesariana intraparto. Se o diagnóstico for feito ainda no pré-natal, a causa pode ser investigada, caso não seja encontrada uma causa determinante, o parto vaginal pode ser tentado mediante uma versão externa na 37ª semana. Diante do insucesso da versão, a cesareana será indicada, uma vez iniciado o trabalho de parto. Não é recomendado a cesárea eletiva, por aumento da morbidade perinatal.
- A quinta indicação é: Ruptura de vasa praevia
Ocorre em 1 parto para cada 2000-3000 partos. É uma complicação obstétrica na qual há vasos fetais cruzando ou atravessando em proximidade com o orifício interno do cérvice uterino. Estes vasos possuem riscos de ruptura quando suas membranas de suporte rompem.
Geralmente o diagnóstico é feito no momento do parto. Um padrão cardíaco fetal sinusóide, bradicardia fetal ou desacelerações da frequência cardíaca fetal durante o parto podem ser indicativos de uma vasa praevia rompida.
Ocasionalmente pode ser diagnosticada antes do parto através de palpação ou exame ultrassonográfico transvaginal.
O tratamento é a realização de uma cesareana de urgência. O diagnóstico pré-natal de vasa praevia tem sido associado a uma diminuição da taxa de mortalidade perinatal, melhor desempenho neonatal e a menor necessidade de suporte transfusional do recém-nascido.
- E a sexta indicação é: Herpes genital com lesão ativa no momento em que se inicia o trabalho de parto
A maior parte das mulheres com herpes genital dá à luz bebês saudáveis. Mas, caso exista manifestação de herpes genital no momento do parto, há um risco do bebê pegar a infecção durante o trabalho de parto e o parto em si. Se isso acontecer, as consequências em alguns casos podem ser muito graves, inclusive fatais. Por isso a indicação de cesariana.
Por esse motivo, é muito importante informar ao médico se a mulher ou seu parceiro já tiveram alguma manifestação de herpes genital ou se existe algum sintoma. Os sintomas variam muito de pessoa para pessoa, mas costumam ser mais graves seguindo-se ao contágio, pois o corpo ainda não tem anticorpos para combater o vírus. Nessas ocasiões, além de coceira, ardor e lesões na área genital, sintomas de gripe podem aparecer, como febre, dor de cabeça e dores musculares. Algumas grávidas chegam a precisar de tratamento intravenoso e desaparecendo a manifestação não necessitará de cesárea.
Ivnakelly Pinna, turismóloga por formação, que resolveu abandonar tudo depois do nascimento do rebento, hoje com quatro anos. Atualmente atuando como doula em Fortaleza e levantando várias bandeiras como amamentação em livre demanda e prolongada, criação com apego e criança livre de consumo.
*CARVALHO, G. M. Enfermagem em obstetrícia. São Paulo: E.P.U – Editora Pedagógica e Universitária Ltda, 2002. 225p."